Espaço tempo
Na superfície
Isso me deixa nervoso
Vejo uma parte de mim
Emaranhada num porto
Um barco que não parte
Assombrada na costa dos esquecidos
Levanto a cabeça
Tento respirar
Me afogo em um dia normal
Com dores no diafragma
Eu preciso de ar e não conheço o cheiro da mudança
Vou fundo
Batendo as asas
Até que elas rompam pelas minhas costas
Em uma dor prazerosa
Causo uma tormenta
Uivo como um cachorro
Escuto o sino tocar na montanha vazia
O som desse silêncio que invade
Perdido na neblina
Não sinto mais frio
Essa chuva fina me encharca os ossos
E nesse mergulho
Bato minhas asas até que elas rompam pelas costas
E arrebentem o espaço tempo
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